sexta-feira, 21 de maio de 2010

Hoje tô virado no diabo

Cabeça vazia é mesmo oficina do diabo, aliás, indústria!

Cansei da minha cara de cão-chupando-manga
Hoje eu quero que o diabo que me carregue
Quero ir pro quinto dos infernos
Fazer o diabo a quatro
Tomar capeta e comer do pão que o diabo amassou
Com deus e o diabo na terra do sol,
ficar do jeito que o diabo gosta
Acho que é isso... e seja o que deus quiser!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A Lista

Quando era um sêmen no sacro escrotal de meu pai, inscrevi-me na lista dos que seriam expelidos no próximo orgasmo. Alguns ais e uis depois: consegui! Nadando à toa, deparei-me com uma imensa casa, entrei e permaneci lá por nove meses.

Lista dos nascidos naquele hospital, naquele dia. Lista do Cartório. Estava oficialmente no mundo, não tinha mais jeito, iriam ter que me suportar por pelo menos mais vinte e nove anos. Lista dos filhos dos meus pais, dos netos dos meus avós.

Lista de alunos da escola, normalmente meu número era sete, começa com “C”. Colocando meu nome completo em sítios de numerologia o número calculado para mim também é o sete. A semana tem sete dias, a Branca de Neve tem sete anões, o dia do meu nascimento é 14 (7x2), normalmente acordo às 7h, os pecados capitais também são 7, moro na capital que faz aniversário no dia 21 (7x3), o que tudo isso quer dizer? Nada.

Quando garoto, inscrevia-me na lista dos próximas no futebol. – Primeira próxima! É verdade, próxima nesses casos não tinha variação de gênero. Era um bom goleiro de futsal, mas naquela época a bola era pequena e pesada, doía demais, desisti.

Depois comecei a ralar para ver meu nome em listas de aprovados: vestibular, concurso, mestrado. Para o bem ou para mal, consegui. Como bom brasiliense (distritofederalino?), acreditei que passar em concursos era um objetivo de vida legal, depois que consegui comecei a achar que não era tão bacana assim, mas isso é um outro assunto.

Quis constar em listas de possíveis ocupantes dos corações de algumas meninas: em muitos casos deu certo, noutros não. Mas tudo correu muito bem. Outras me inscreveram sem eu saber/querer, interessante também.

Me colocaram em listas obrigatórias/indesejadas: alistamento militar, entederam? a-lista-mento (dã!); eleitor, esta é interessante, a democracia ainda pode ser uma boa, mas ainda não vi nenhum exemplo, no mundo, da democracia que acredito ser a verdadeira, minha geração ainda não entendeu a importância dela (o que parece que sempre existiu não é valorizado); inadimplentes, acontece, vai?

Daqui a pouco, possivelmente, irão relacionar meu nome na lista de ocupantes de quartos, leitos de hospitais. E, enfim, a derradeira lista de óbitos, ou melhor, a penúltima, depois ainda vem a lista dos corpos a serem cremados ou enterrados. Para quem acredita, ainda tem a lista dos que entrarão no reino dos céus, a lista dos que queimarão para sempre no fogo do inferno – fogo e enxofre com um diabinho mandando chicotadas pra sempre, pra sempre! nem Hitler merece tal suplício -, lista dos próximos a reencarnarem, lista dos próximos homens-bomba a serem beneficiados com quarenta virgens...

As listas hierarquizam, excluem, criam obrigações, listas não são legais. Gostaria que não tivéssemos listas, contudo, acredito que poderíamos ter clareza do que precisa ser feito a todo instante: sonhar, amar, lutar pelo que acredita, pensar, respeitar, se importar, preservar, criar, observar, artear, e tudo mais. Isso não é uma lista, apenas uma reflexão. Por falar em listas, a do Dunga foi horrível!