segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Dois verdes

Nos últimos dias/meses, para quem mora em Brasília, observamos dois verdes em questão. O primeiro de caráter universal, o meio ambiente do planeta, o segundo é local, a erva daninha chamada Arruda.

O resultado para o primeiro, Planeta, foi extremamente decepcionante, de dar medo no mais desavisado habitante. “Os caras” não estão nem aí pro que vai dar, aliás, já está dando, a exploração voraz das nossas matas, águas e ar. Fazendo talvez a pior metáfora que já fiz, não sei se por falta de inteligência ou dado o horror que a situação me causa, mas vamos lá.

Tinha uma festa, um banquete posto com toda bebida e comida pra Dionísio, Magali (personagem do Maurício de Sousa), botar defeito. No entanto, chegou uma galera devorando tudo com toda selvageria que a civilização é capaz. Comeram todos os salgadinhos, docinhos, bolos, e demais especiarias, beberam mais que carro com motor V6 desregulado. Aí, quando tava quase tudo acabando, alguém disse: Galera, peraí! Vamo dá uma diminuída no ritmo, senão a festa vai acabar agora, ainda nas primeiras horas da noite, quando a intenção, e a quantidade inicial de guarnições permitiria isso, era durar uma estação. Mas as turmas dos Estranguladores Usurpadores da Antárdida (EUA), Unidos Exploraremos (UE), Adoradores do Mal (não do Mao) e Fókio não estavam nem um pouco afim de colaborar. Disseram que iriam continuar comendo tudo e os demais que poupassem as suas reservas de coxinhas e Baré, que inclusive eles iriam comer também quando acabassem definitivamente com as suas, como sempre fizeram. Resumindo, não houve acordo, nem de mentirinha, é o Foda-se agora sendo oficializado. O problema é que quando a festa acabar não vamos para casa reclamando dos organizadores da festa, vamos morrer, isso mesmo, assustou-se? Vamos morrer.

Já a nossa erva daninha e toda sua família das herbus corruptus estão com o destino exatamente oposto ao do outro. Vão continuar onde estão, ou alguém acha que não? Imagine que você, seu irmão e sua mãe são uma quadrilha, então roubam uma joalheria, o circuito interno filma tudo e vocês então serão julgados. Para sua mãe e vocês serem julgados será necessário o voto de pelo menos dois, num universo de três: você, seu irmão e a empregada. Você e seu irmão vão votar a favor ou contra, tendo aparecido também nas gravações do sistema interno?

Como lutar contra tudo isso? Como?! É a meia dúzia ir pra rua e apanhar da polícia em Copenhagem ou em Brasília? É um imbecil, hipócrita ficar escrevendo coisas num blog que ninguém lê? Não, não é nada disso, também não sei o que é.

É... o mundo vai acabar, enquanto não acaba ele acaba comigo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Uma Tragédia no Vale da lua

Um casal morreu afogado no Vale da Lua

Esse vale é um dos lugares mais belos da Terra

Esse vale não parece desse mundo

O amor entre os dois também não era

Amantes não arriscam-se mais uns pelos outros

O amor quis preservar-se e fugiu pela cratera

Aos queridos que ficam, fica o consolo das noites de Lua cheia

Eles estarão lá, vivendo um amor de verdade, não mais possível cá.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Metapoesia em "Você não vale nada"

Tem sido bastante recorrente a crítica ao atual nível das composições das letras das canções nacionais. O que entendo ser um equívoco, uma análise estreita que não se permite enxergar o verdadeiro sentido do que os autores e músicos estão querendo trazer para o grande público. Escolhi, para mostrar o quanto esta avaliação é rasa, uma letra subestimada, tratada como algo banal, que diz que mesmo traído e desprezado o “corno” ainda fica atrás da pessoa amada. Vamos lá.

Entendemos que a principal chave para desvelar a real intenção do eu lírico é descobrir quem é o “você” da letra. Após debruçar-me com afinco na busca dessa resposta, acredito, humildemente, aliás a postura do crítico deve sempre ser de humildade frente ao seu objeto de análise, ter achado: a poesia! Isso mesmo, o autor mostra-se numa relação conflituosa com a poesia, poesia enquanto a vivência lírica, a experienciação poética no sentido mais amplo. Num mundo em que a questão da utilidade tem colocado a arte em segundo, terceiro, último plano, o poeta afirma que, mesmo não valendo nada – sem valor de uso ou de troca – ele gosta da poesia. Mas não é harmoniosa essa relação, pois logo em seguida o poeta questiona-se: Por quê? Afinal o que atrai tanto na poesia, a ponto de ser o “Tudo” que o poeta gostaria de entender na vida, evidenciando um movimento de exaltação do valor da lírica na sua existência.

Você não vale nada,
Mas eu gosto de você!
Você não vale nada,
Mas eu gosto de você!
Tudo que eu queria
era saber Porquê?!?
Tudo que eu queria
era saber Porquê?!?

Continua discutindo essa relação de amor e ódio com a poética:

Você brincou comigo,
bagunçou a minha vida
E esse meu sofrimento
não tem explicação.
Já fiz de quase tudo tentando te esquecer
Vendo a hora morrer
não posso me acabar na mão

A poesia brincou, uma clara menção ao elemento lúdico, do latim ludere, presente na construção poética desde Homero. A poesia brinca no movimento de mostrar e esconder a realidade, de ir na profundidade do ser humano a partir do que tem de mais superficial e isso desestabiliza o que o poeta chama de “bagunçou a minha vida”. Tenta esquecer e não consegue, quase um vício, uma necessidade da qual não pode fugir e ao mesmo tempo sente o transcorrer da vida sem conseguir desligar-se da busca da sua musa, então escreve, escreve, escreve, daí não querer “acabar na mão”, dado o esforço extremo que a construção da grande obra poética exige.

Outro ponto alto dessa canção é quando o poeta dá voz para que a própria poesia fale, na música cantada essa outra voz é marcada pela mudança do cantor para a cantora (um movimento sonoro belíssimo!):

Eu quero ver você sofrer
Só pra deixar de ser ruim
Eu vou fazer você chorar, se humilhar
Ficar correndo atras de mim

Temos aqui a poesia apresentando-se como um elemento de purificação da alma humana, sendo esse processo de purificação, de redenção, sempre marcado pela imposição da dor e sofrimento (Jesus, Édipo) nos escritos clássicos. Daí querer ver o poeta sofrer para deixar de ser ruim. Mesmo após o choro e a humilhação o poeta não deixará de correr atrás da poesia, ainda que nunca a encontre ele continuará essa busca que entende ser o único meio de conseguir compreender sua existência e suportá-la.

Bem, poderia expandir mais essa análise, mas como o blog tem a proposta de não demorar muito em suas explanações, fico por aqui. Espero ter contribuído para uma melhor compreensão dessa obra prima de nossa nova música, mesmo sem ter dado conta de sua complexidade, pelo menos iniciemos uma discussão mais ampla dessa arte que está aí e quer ser entendida.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Resposta do Marcelo Tas a uma provocação minha

Em visita ao blog do Marcelo Tas, dá pra ter uma noção da falta do que fazer que eu estava - insônia-, ele exibia, orgulhoso, o fato de seu livro sobre as frases do Lula estar em 4º lugar na lista dos mais vendidos da revista que mostra as coisas como quer que você VEJA. Copio abaixo o meu comentário e a resposta dele, deixo pra você, leitor, caso exista, a análise dos argumentos ora apresentados. Não posso deixar de parabenizá-lo por ter deixado o comentário ser postado.

[Carlos Eduardo Vieira da Silva] [Brasilia] [28] [Professor] Decepção. Infelizmente, mais uma vez me decepciono com uma figura pública: Marcelo Tas. O livro evidencia um preconceito extremo com um brasileiro que não teve acesso à educação formal, no entanto, sua vida foi uma escola e ensina nas suas mensagens extremamente simples e claras (metáforas de futebol, pai de família etc). O CQC, no começo, me parecia um programa sério (no sentido de estar realmente querendo criticar deliberadamente as questões fundamentais do país- corrupção, alienação cultural etc), contudo, apresenta-se como um programa de uma turma pequeno burguesa paulista, realmente uma grande pena. Entendo, vocês devem ao Capital (grupo bandeirantes), mas não precisava ser tanto. Apoio deliberado ao Serra e Kassab é o fim da picada. Dizer que a Veja é perdoável é assumir-se direitista, preconceituoso, elitista e tudo mais que nós, que ainda acreditamos na mudança do país, entendemos serem as pragas da nação. Tas, leia, se já leu leia de novo, Sérgio Buarque, Caio Prado,Furtado.

RESPOSTA:Deputado Vicentinho, companheiro de Lula, teve muito menos condições que o presidente à educação formal, mas foi à luta. Fez supletivo, Telecurso 2000, e hoje é um bacharel em Direito. Por que você diz que Lula não teve acesso ao conhecimento? Quem o impediu senão ele mesmo? Não entendo o por quê de figuras como você, um professor, fazerem a apologia dos iletrados. Ora, professor, vamos louvar o estudo, não a falta dele!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Oração por uma outra política

Senhor,

Perdoe-nos por, mais uma vez, termos usado as urnas de maneira leviana e eleito ser tão vil;

Perdoe-nos por não ter compreendido teu sinal ao nos mostrar um crime grave, que depois pareceu apenas uma curiosidade. Quem viola um painel, viola o direito do outro, pode violar tudo.

Acreditamos em algumas lágrimas mal forjadas e achávamos que devíamos exercitar o que nos ensinou: o perdão. Sem lembrar, Senhor, que só devemos perdoar quando há o arrependimento verdadeiro, o que certamente não foi o caso.

Bem sabes que o mal usa de todos os meios para nos convencer, pegando pelo ponto fraco, com todo o dinheiro que já nos roubou, depois nos compra: um pão pra quem tem fome; uma escritura pra quem mora em colônia agrícola; um cargo pra quem quer ganhar sem trabalhar; uma licitação pra quem quer ganhar e dividir com quem a adjudicou.

Mas arrependidos, muito arrependidos, estamos, Senhor! E entendemos já termos sido castigados o bastante com esses anos de descaso pela saúde e educação, ver alguém escondendo na meia o dinheiro que falta pra comprar o remédio na rede hospitalar, sem o qual nossos irmãos padecem todos os dias em filas infinitas e depois ainda são enterrados em cemitérios transformados em negócios escusos, nem os nossos mortos ele respeitou! Isso já é castigo suficiente.

Perdoados, Senhor, temos um pedido: que os deputados distritais façam o mínimo que se espera deles – Impeachment do Governador! Quem sabe amenizem, um pouco, a imagem de inúteis corruptos que construíram ao longo dos últimos anos.

Que eles façam isso pela consciência, Senhor, pois se não o fizerem: nós não vamos parar e vamos parar esta cidade! Chega! Continuaremos a entoar a oração que nos ensinou:

“Arruda na Papuda!
P. O no xilindró!”

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Os políticos são todos iguais, mas uns mais iguais que os outros

Considerando os tipos políticos que compõe a chapa vencedora das eleições do Governo do Distrito Federal de 2006, Arruda e Paulo Otávio, temos a expressão daqueles que dominam a nossa “Res pública” desde os tempos mais remotos, como diria um samba enredo tradicional. Um, empresário, com sua fortuna construída a partir daquilo que deveria ser inegociável: a terra. E para conseguir terras públicas nada melhor que uma aproximação com quem faz as concessões, certo? Vale até casar com filha de ex-presidente. Um tipo sem sal, sem rosto, sem gosto, discreto, dono do jornal local, da TV, em que vende sua imagem de “um grande empreendedor” que promoveu e promove o desenvolvimento da cidade. O dinheiro compra a simpatia, o voto, a parceria com o mestre da popularidade local, aliás, o aprendiz que superou o mestre, o outro. Funcionário da CEB, um tipo esperto, carreirista daqueles que fazem de tudo para subir, subir, “é só subindo!” Aproxima-se de algum partido fisiologista e diz: tenho um perfil bacana: falo bem, estou sempre sorrindo, posso até chorar se for preciso. Em estando lá, todos estaremos bem, mas ó, minha fidelidade é só com o $, já provando isso quando traí meu pai, aliás, o pai, coronel, patriarca, da grande fazenda com prédios chamada Brasília. Ou seja, no estado/cidade com o maior índice educacional, renda per capita, IDH do país, a elite ainda consegue, sem disfarce, manter a mesma estrutura da antiga cidade da Bahia – é impressionante e desesperador! Sem me demorar muito, registro minha alegria com o ocorrido: o fim de um governo que nada fez pela educação, até por medo dos possíveis reflexos, a não ser dar 300 milhões para o “ciência em foco” - pergunte ao seu filho o que achou: as minhocas mais caras do mundo! - saúde, nada de desenvolvimento sustentável (ambiental, social, economicamente). Ah! desculpem, fez sim, o Noroeste, o primeiro bairro sustentável do Brasil, com kits a partir de R$ 500 mil, para contemplar a população que precisa ter onde morar, bastando retirar uns indiozinhos que estão atrapalhando, ah esses índios! Sempre eles! Não aprendem nuca! Por outro lado, tenho dois receios: quem entregou o esquema foi um beneficiário, ou seja, se não houvesse um desentendimento interno na quadrilha, jamais a sociedade iria colocar um fim nessa história (os órgãos, que existem para isso, permanecem na inércia, só atuando quando forçados a tal), apesar desse sistema, capitalista avançadíssimo, ser inerentemente corrupto, evidencia-se, todos os dias, a necessidade de criar amarras que independam de vontade política para funcionar, não é simples eu sei. A outra é o receio de prender um chefe de boca e vir outro e continuar tudo como era, e eles continuarem controlando tudo pelo celular levado por pombos – é muita criatividade. É preciso quebrar este círculo, este circo de horrores em que o dono ganha com a desgraça do elefante, do macaco, do palhaço: a classe trabalhadora. Bem, Arruda, quero ter a honra de lhe entregar flores, uma coroa, e colocá-las sobre o teu túmulo político. Paulo Otávio, quero uma agulha para estourar essa bolha imobiliária ridícula que te alimenta, que de tão grande vai te mandar pro seu planeta, bicho feio! Aproveitando o que já ouvi na rua e espero ouvir muito mais: Arruda pra Papuda! P. O. no xilindró!

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Soldados, não vos entregueis ainda!

Considerando tudo isso, lembrei-me de uma metáfora sobre os soldados. Não que acredite ser a guerra a melhor opção para a solução de conflitos, especialmente quando trata-se da imposição da vontade de um grupo, povo, indivíduo, sobre outros. No entanto, quando a motivação é a busca por libertar-se da opressão material e psicológica que nos retira o direito de experimentar uma existência livre, consciente, na qual podemos ser humanos e não instrumentos, peças, objetos subjulgados aos seus donos, aí a revolta pode, e deve, materializar-se em luta. Ocorre que essa imposição tão explícita, essa exploração tão exacerbada, acaba por banalizar e o absurdo parece normal, por isso poucos percebem que não, definitivamente, as coisas não precisam ser assim. Mas tem sempre um grupinho chato que desconfia e resolve tentar perturbar a ordem vigente. Então forma-se um exército, muitos não se conhecem, tão pouco sabem que fazem parte dele, mas estão juntos, ainda que distantes, numa mesma direção, ainda que por caminhos diferentes, seguindo. Ocorre que às vezes esses soldados, pouco aptos a aceitar lideranças, seguem conforme sua temperança mental. Muitos submergem, entendem que estão numa luta sem possibilidade de vitória e aceitam a condição parafuso, mesmo que no fundo sempre fiquem resignados por não terem continuado a tragetória. Alguns escondem-se atrás de um sarcasmo sínico, algo do tipo: sei tudo que rola, mas não me submeto, dou risada - mas no fundo cedeu, aceitou fazer parte do jogo, é um artefato engraçadinho, diverte e não incomoda. Outros seguem, sem alarde, a direção que entendem ser a da transformação: projetos, política, educação, informação, militância, tratar com dignidade e humanidade as pessoas do seu convívio e outras tantas possíveis armas nesta guerra velada. Mas em alguns momentos paramos, refletimos e, às vezes, dá uma coisa ruim, uma vontade de desistir, mas sabe-se que não se deve, aliás, quando isso tá na veia, não se consegue. Esses dias andava assim, daí os textos um pouco dramáticos “ah como eu sofro!”, mas agora chega! O soldado vai pra luta de novo, pega suas armas, com uma única certeza: esse concreto um dia vai rachar, talhadeiras na mão!

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Críticos da brasilidade

Ultimamente estamos sendo brindados com uma leva de “mentes críticas” no Brasil. Caras que fazem um discurso à Paulo Prado, em seu Retrato do Brasil, sem ter lido, obviamente. Tal discurso baseia-se na rasa, superficial e ignorante atitude de atribuir o caos nacional ao genótipo brasileiro. Aquele papo de que pra cá só vieram ladrões de Portugal, negros estúpidos da África e somaram-se aos índios preguiçosos que aqui já viviam. Tal mistura não poderia dar boa coisa, ainda dizem essas cabeças brilhantes. Acho que se dedicarem um pouquinho ao estudo desse besteirol cientificista ilustrado terão a certeza de que o clima tropical também é insuperável, determinando a leseira eterna da gente brasilis. Ok. Diga a um bóia-fria, que trabalha cortando cana o dia inteiro, tendo acordado três da manhã e só largando quando o sol se põe, que ele é um preguiçoso, caso tenha sua garganta cortada pelo seu facão eu vou achar é pouco. O perfil dessa tchurminha é o seguinte: classe média, e suas variações pra cima ou pra baixo, daí “média”, estudaram em escolas particulares, fizeram faculdade, normalmente em São Paulo (UNIBAN ou USP, não muda muito), e agora sabem tudo. Sem pisar na favela, humilha a empregada em casa, ignora o porteiro do prédio, tira sarro do cara do cafezinho no trabalho e por aí vai, mas está preocupado com os rumos da nação. Aliás, o metalúrgico e analfabeto presidente é o grande culpado de tudo isso. Afinal não foi à escola porque não quis, não é? Garanhuns devia ter um monte de estabelecimentos educacionais, assim como os nordestinos que foram para SP tinham todas as condições de manter seus filhos na escola, os colocavam para engraxar sapatos só pra tirar um sarro – brasileiro adora uma piada. Possivelmente eles olham seus “brothers”, parentes etc e observam um monte de preguiçoso, possivelmente o são, não tiveram grandes dificuldades para ter nível superior, aprender uma língua e entrar no mercado de trabalho e ficarem “de boa”. Lêem Veja, Isto é, Época, Folha e demais veículos de comunicação do capital e estão aptos a emitir opiniões sobre os motivos do Brasil ainda não ter dado certo, que são, essencialmente, esses que acabei de elencar. A preguiça de vocês realmente é algo que avulta aos olhos de qualquer um, mas não atribuo ao fato de serem brasileiros, mas de serem burguesezinhos que têm acesso a tudo e não conseguem enxergar mais nada. E nessa, vão disfarçando o real motivo a ser enfrentado: a exploração, inescrupulosa, dos donos do capital nacional e internacional da imensa massa trabalhadora. Parece discurso esquerdista ultrapassado, mas é a pura verdade. Façamos o seguinte, percam um tempinho, de tanto tempo que perdem escrevendo bobagens e lendo/assistindo futilidades e estudem um pouquinho Caio Prado Jr., Celso Furtado, Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro e afins, então conversamos.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Frases

Em minha cabeça tem uma loucura que é dioturnamente solapada pela razão. Que razão?

Os psicólogos, psicanalistas e adjacências têm a ingrata missão de fazer as pessoas suportarem o insuportável: a vida.

Estou tão amargo, tão amargo, que pode espremer, colocar açúcar que não vira limonada, não vira nada.

Onde fica o botão que desliga a p. da gravidade?

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Independência

Num lugar muito, muito longe, um pai começa a explorar sexualmente sua filha aos 10 anos de idade. No começo só ele, depois cobrava uns trocados, uma cachacinha, um franguinho dos conhecidos para poderem praticar tal atrocidade. A menina cresceu, foi ficando incoveniente manter aquela exploração em sua casa, sob seu total domínio. A esposa reclamava, os “clientes” chegavam de madrugada, acordando toda casa, a polícia, conselho tutelar, e outros desses órgãos simbólicos começaram a observar mais atentamente, enfim, o cerco se fechava. Eis que surge uma grande idéia: ela agora vai morar sozinha! Numa conversa com a filha, num momento de grande bondade e nobreza, o pai diz: minha filha, já és uma moça, uma mulher, e é reconhecendo isto e querendo o teu bem que te dou tua independência, morarás sozinha. Peço apenas que não esqueça teu pai e tudo que fizemos por ti, continue com tua atividade, pague teu aluguel, compre aí um arroz, saco vazio não para em pé, tome garrafadas quando aparecerem bicheiras em teu instrumento de trabalho, e toda semana passo aí para pegar o que sobra. Bem sabes que tua mãe já é doente e precisa muito de nós agora. E assim foi, até hoje a moça comemora o dia em que o pai lhe deixou morar só. O pai morreu, no entanto, apareceram outros para exercerem a tutela e continuarem recebendo os louros da atividade exercida pela moça. Ela ainda acredita que tudo isso passa, que a vida é assim mesmo.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Globo x Record

Bem, vínhamos observando com grande frequência (isso, frekência, conforme o novo acordo da língua portuguesa), ataques mútuos entre a maior emissora do país, uma das maiores do mundo, e a emissora do virtuose da pregação, Edir Macedo. Ocorre que fica difícil posicionar-se diante de tanta verdade. Realmente o que o Bispo faz em sua igreja é algo no mínimo duvidoso. Um amigo me disse que tava desempregado, namorada com outro namorado, pior que vendedor de rapadura em terra de diabético, quando, após as expulsões de demônios, com tanta gritaria não tem demônio que fique, casas, carros, salários, tudo no palco, ele se viu quase doando seu vale-transporte, quando pensou: como vou pra casa? E esse dinheiro vai por aí, pra TV, pra avião, pra faculdade, pra editora, pro diabo, quer dizer, pro diabo não. Mas a TV em que "a gente se vê" não é santa, o problema é que a IURD não ataca o que ela faz de pior, pois também está buscando tornar-se sua substituta nesse quesito: alienação da nação. Como o objetivo é ser sucinto sempre, ninguém tem o dia todo, já corto e vou pro fim. Parece que estamos diante de uma briga entre o Esqueleto e o Munrrar (o ser eterno), entre Vingador e Lex Lutor, sei lá, entre o mal e o mal. Um mais forte o outro mais fraco, mas não menos perverso e maléfico. O ideal portanto parece ser a destruição dos dois canais e toda sua rede, revistas, cabo, rádio, internet e todos os canais pelos quais entram e destroem qualquer possibilidade de desenvolvimento de uma sociedade nacional crítica e inteligente. Um outro problema, e aí vem o desespero machucando o coração, é que, quisera Deus, ô paizinho, acabassem as opositoras em questão, teríamos para redenção a Luciana Gimenez, o Pânico, a Hebe, o Sílvio, a Eliana, enfim, desalento. Curioso é que, no país em que o serviço público é detonado o tempo inteiro, temos como melhor opção de TV uma emissora pública. Pra não perder a esperança, um pouco de música do He-Man: “O bem vence o mal/ espanta o temporal/ o azul o amarelo/ tudo é muito belo”

O primeiro

Há algum tempo já venho querendo fazer um "blog", mas o tempo não ajudava. Mais do que fazer o blog, a intenção é ser lido/ouvido, desabafar, manifestar indignação, admiração, discutir idéias e fatos, comentar, dividir a opinião sobre o que penso das coisas. Também pretendo postar textos que escrevo com alguma intenção literária (poesia, conto, crônica etc). O endereço, "o mundo jaz", na verdade não é um prenúncio ou uma afirmação, é apenas a utilização de uma expressão conhecida. Na verdade, utopicamente, este blog tem a pretenção de discutir os motivos da validade ou não dessa expressão e, quem sabe, alcançar caminhos que nos levem a outra direção. Arte, ciência, conhecimento, humanismo são as possíveis chaves...

Abraços,