Não é muito deste blog tratar de frivolidades, mas quero mostrar que também sei falar de festa, ora! Ainda mais tendo encontrado um grande amigo, que há tempos não o via. É um amigo daqueles que a gente passa um tempão sem se ver e quando encontra se xinga, se abraça, fala da vida, fala delas, enfim como se o tempo não tivesse diminuído em nada a confiança e a cumplicidade construída anteriormente, como de fato não diminuiu. Dentre tantas outras coisas, ele me contou que tava de emprego novo e que tinha participado da tradicional festa de fim de ano da empresa, como o relato daquele evento era inédito para mim, imagino que também o seja para o leitor, que nunca participou de nada parecido. Vamos a ela.
Esse meu amigo, ah, desculpem, o nome dele é Juliano, sempre foi um cara muito esforçado, estudioso, dotado de competências e habilidades que o mercado de trabalho gosta. Aliás, mercado de trabalho é uma expressão que diz tudo: você é um produto numa prateleira; os clientes vão querer o melhor pelo menor preço; e tem gente/produto que nem consegue chegar lá, é refugo, lixo. Mas este não é o caso dele, foi selecionado por uma grande empresa, dessas que realmente só contratam os melhores, currículo, processo seletivo (aquelas dinâmicas que você tem que desenhar, fazer bonecos, amontoar-se com os demais num quadrado imaginário no chão, dizer um monte de coisas que não pensa, sabotar os demais participantes sem, no entanto, parecer egoísta, e tudo mais) ou seja, mostrou que era o melhor sabão em pó daquela seção de limpeza – seção com ç mesmo, eu conferi.
Pouco tempo depois já eram as tradicionais festividades natalinas, tempo em que todos ficam bonzinhos, dóceis, amigo oculto, arrependido pelo que fez, planejando o que fará (agora vai!), e todo etc que vocês já sabem. Chegou o convite para a festa da empresa, uma contribuição simbólica, dessas que daria para ir a qualquer “open-bar”, “prive” em Brasília, esporte fino. O assunto até o dia só foi esse. Eis que chega o grande dia, ia ser no próprio edifício da empresa, tinha um grande salão de festas, após o expediente, 19:00h. As colegas chegaram para trabalhar, é necessário dizer que estavam todas com chapinha e o rosto totalmente desfigurado de tanta maquiagem? Não, né? Certo, 19:00h meu amigo vai pro salão e... ninguém. Ele não sabia que também não deveria ter ido aquela hora, mas chegado depois com cara de pressa e alívio de quem teve que terminar algo extremamente importante que estava fazendo, afinal o mais importante é a empresa, quando na verdade não aguentava mais olhar coisas na internet, estava até vendo os .pps daqueles chatíssimos que entopem as nossas caixas. As pessoas começam a chegar, chopp, boa noite, comprimentos entre aquelas pessoas que dizem que se odeiam durante todo ano. Os diretores acompanhados dos seus capachos, Juliano achou graça quando, observando que a bebida do diretor estava para acabar, dois desses puxa-saco esbarraram-se de tanta vontade de ir buscá-la e demonstrar proatividade, presteza, dinamismo, acabou saindo uma bela trapalhada, pois o garçom que passava atrás foi atingido e copos ao chão, é fim de ano, sorrisos amarelos. Apesar de homem e hétero, o meu amigo é bem ligado em questões de gênero, raça, etc, e viu que tinha também diretorAs, é, como em todo lugar, elas estão chegando, é o óbvio, o justo, mas aí veio a necessidade de adaptar o termo 'baba-ovo” quando o chefe for chefa, afinal tudo tem que estar conforme, algumas sugestões lhe vieram à cabeça: “lambe-xota”, “chupa-teta”, devaneios de quem está totalmente perdido num lugar que antes parecia tão seu. O DJ tocou a sequencia universal do momento, claro terminando em funk, bebida, danças ridículas, todos riem, meninas se aproximam dos diretores, sorrisos, mesmo daquelas que vivem o ano inteiro na TPM, parece que a confraternização é o melhor momento para mostrar as suas virtudes, alegria, paz, harmonia. Quer ir embora, será que o bar do Bené ainda tá aberto?
166 – PENSAMENTOS EPÍGRAFES CITAÇÕES
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