sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Propaganda da Vivo

Estava em frente ao aparelho das ilusões, mentiras e bundas, bundas essas que só existem lá, quando vejo uma propaganda linda: um pai está se separando da esposa, entrega um celular, da Vivo, para a filha, uma menininha muito fofa, e então passa a falar o tempo inteiro com ela. Na verdade, a relação entre os dois, agora distantes, torna-se muito mais próxima do que antes, graças ao celular. Ele espanta monstros, pergunta como e onde ela está, busca no balé, faz tudo que, certamente, nenhum pai faz considerando toda carga de trabalho, estudo, exigências sociais que o personagem do comercial tem, pois aparentemente é de classe média alta.

Longe de mim ser contrário a que as pessoas se separem, se casem, se amiguem, se amancebem, se namorem, se prendam, se livrem, cada um faz o que quer. Aliás, longe de mim defender a família, pois se ela é a célula-máter da sociedade e esta é este caos em que vivemos, muito provavelmente trata-se de uma célula cancerígena.

Agora o que quero dizer é que me impressiona, cada vez mais, a capacidade do Capital, dos donos do mundo, se apropriarem de tudo, de todas as situações para vender, lucrar, lucrar, lucrar, não importa o preço, sem qualquer pudor. E aí divagando um pouco mais, talvez seja interessante para eles que as pessoas realmente se separem, especialmente a classe social desse caso, pois isso gera a necessidade de comprar uma nova casa, uma nova tv, uma nova geladeira, beber mais, ouvir música sertaneja, dobrar o consumo, pois agora são duas famílias, ou pelo menos duas casas: $$$ pra eles. Daqui a pouco teremos Colchões Down, curta a sua deprê sem estragar a sua coluna e com deliciosos choquinhos massageadores! Teremos Colgate Drunker, para você que é alcoólatra e precisa disfarçar o hálito, contém ainda pequenas quantidades de insulina para evitar a tremedeira. Não vou continuar pra não ficar parecido com os produtos tabajara, apesar de achar que no caso do quadro dos Cassetas, que um dia foram engraçados, há apenas uma agudização do que de fato acontece o tempo inteiro, mas com aparente seriedade, eles realmente querem nos convencer de que um carrão, uma marca, um corpo sarado são a chave da realização e o sentido da vida. A minha paciência vai se esgotando e o tempo inteiro me pergunto: quanto dos nossos desejos, comportamentos, valores e tudo mais não são criados e impostos por eles, conforme o interesse deles? Talvez tudo... inclusive este blog e este texto. Um pouco de Engenheiros, explicando tudo isso.

3ª do Plural

Corrida pra vender cigarro
Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse
Tossir, cuspir, jogar pra fora
Corrida pra vender os carros
Pneu, cerveja e gasolina
Cabeça pra usar boné
E professar a fé de quem patrocina
Querem te matar a sede, eles querer te sedar
Eles querem te vender, eles querem te comprar
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Corrida contra o relógio
Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade
Quem mente antes diz a verdade
Satisfação garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida antes mesmo da largada
Eles querem te vender, eles querem te comprar
Querem te matar de rir, querem te fazer chorar
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Vender, comprar, vendar os olhos
Jogar a rede... contra a parede
Querem te deixar com sede
Não querem te deixar pensar
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Suposta alegria

Alguns textos deste blog vinham criticando a inércia dos populares, da CLDF, da mídia, da justiça etc, frente ao suposto envolvimento do Governado José Roberto Arruda em um suposto esquema de corrupção. As supostas imagens saltaram aos olhos de todos, juntamente com a palavra suposta, nunca tão pronunciada anteriormente, pelo menos ao que me lembre. Mas a suposta justiça reagiu e prendeu o suposto corrupto, após a denúncia de suposto suborno a um suposto jornalista. Ele está numa suposta prisão, e não pude controlar minha suposta alegria. Se tivesse um suposto filho, diria supostamente orgulhoso: - Isso é o que supostamente acontece com quem supostamente rouba em nosso país, meu filho. Valeu pessoas de bem, como supostamente eu também sou, que atuam no Ministério Público, na Polícia Federal, na Justiça e nos movimentos sociais – especialmente o Fora Arruda! Ô vontade de ser uma mosca! especialmente agora que está num quarto menor, sem banheiro, sem TV, sem nada. Não deixemos de aproveitar este momento, mas não acreditemos em suposições vazias do ele possa vir a significar efetivamente.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um escrito antigo

Mexendo nas minhas coisas, encontrei um escrito que fiz há uns dez anos. Tem inocência, mas também tem verdade, e na verdade esses sentimentos estavam adormecidos, mas voltaram com muita força. Na época o Augusto fez até uma música.

Dia cinza

E o dia continua cinza e a flor já não tem mais aquele perfume

Aliás, já não se fala mais de flores, ao invés, cartões internautas

O cheiro que atrai agora é o da gasolina e do papel moeda

Não quero participar dessa cumplicidade criminosa que nos cega

Mas não tenho a quem gritar então eu grito ao vento, quem sabe ele leve tais pensamentos para as nuvens e estas façam chuvas, lavem as almas dos homens de tanta indiferença, ignorância hipocrisia

Vejo todos abaixarem as cabeças e não vêem o horizonte que é turvo, mas está lá

Chega de sonhar o sonho do outro, sejamos originais em nosso querer

Chega de falar de tudo e não dizermos o que queremos dizer

Vamos desconectar e nos darmos as mãos, fazer uma teia. Lembrar que somos humanos

Ainda sentados esperando as soluções, a resposta está mais próxima

E o tempo passa e se esperarmos mais pode ser tarde

Já é hora de mudarmos esses dias cinzas

Esquecer a tela e olhar no olho, ver o outro além da máscara, se mostrar além da carne

Lembrar que o ontem ainda agora foi hoje, e que o amanhã daqui a pouco é o agora

Lembremos que não estamos em uma novela e temos coração

E que passemos pelas horas sem apenas assistirmos elas passarem por nós