quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Soldados, não vos entregueis ainda!

Considerando tudo isso, lembrei-me de uma metáfora sobre os soldados. Não que acredite ser a guerra a melhor opção para a solução de conflitos, especialmente quando trata-se da imposição da vontade de um grupo, povo, indivíduo, sobre outros. No entanto, quando a motivação é a busca por libertar-se da opressão material e psicológica que nos retira o direito de experimentar uma existência livre, consciente, na qual podemos ser humanos e não instrumentos, peças, objetos subjulgados aos seus donos, aí a revolta pode, e deve, materializar-se em luta. Ocorre que essa imposição tão explícita, essa exploração tão exacerbada, acaba por banalizar e o absurdo parece normal, por isso poucos percebem que não, definitivamente, as coisas não precisam ser assim. Mas tem sempre um grupinho chato que desconfia e resolve tentar perturbar a ordem vigente. Então forma-se um exército, muitos não se conhecem, tão pouco sabem que fazem parte dele, mas estão juntos, ainda que distantes, numa mesma direção, ainda que por caminhos diferentes, seguindo. Ocorre que às vezes esses soldados, pouco aptos a aceitar lideranças, seguem conforme sua temperança mental. Muitos submergem, entendem que estão numa luta sem possibilidade de vitória e aceitam a condição parafuso, mesmo que no fundo sempre fiquem resignados por não terem continuado a tragetória. Alguns escondem-se atrás de um sarcasmo sínico, algo do tipo: sei tudo que rola, mas não me submeto, dou risada - mas no fundo cedeu, aceitou fazer parte do jogo, é um artefato engraçadinho, diverte e não incomoda. Outros seguem, sem alarde, a direção que entendem ser a da transformação: projetos, política, educação, informação, militância, tratar com dignidade e humanidade as pessoas do seu convívio e outras tantas possíveis armas nesta guerra velada. Mas em alguns momentos paramos, refletimos e, às vezes, dá uma coisa ruim, uma vontade de desistir, mas sabe-se que não se deve, aliás, quando isso tá na veia, não se consegue. Esses dias andava assim, daí os textos um pouco dramáticos “ah como eu sofro!”, mas agora chega! O soldado vai pra luta de novo, pega suas armas, com uma única certeza: esse concreto um dia vai rachar, talhadeiras na mão!

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