Sou da galera das lágrimas. Choro
por qualquer duplo twist carpado, por qualquer perseverança altiva diante da
limitação imposta, por qualquer câmera que se aproxima, calculadamente, dos
olhos marejados do indivíduo filmado. Claro, na penumbra do cinema, sozinho em
casa ou no vendaval de poeira, fico mais confortável. Mas choro quase com a
mesma naturalidade de quem sorri. Mas o riso, ainda que sem sentido, goza do
prestígio; enquanto ao choro só recompensam com desprezo. Por quê? Sei lá! Seria, no mínimo, leviano tentar explicar o choro dos
nossos atletas a partir de uma análise do que supostamente compõe o caráter
nacional, bem como o seria um exercício contrário. Ando muito desconfiado de
todos os conceitos generalizantes acerca de quaisquer corpos sociais (exceto do
caráter perverso do modelo de exploração do homem pelo homem adotado por nós).
Então irei comentar apenas superficialmente sobre algumas impressões minhas,
excluindo a evidente analogia com os jogadores de 50, os quais até seus últimos
dias tinham pesadelos com o fatídico jogo do “maracanazzo”.
Quando fomos para os pênaltis,
talvez também pela dramaticidade da situação agravada pela bola na trave no
finalzinho da prorrogação, tive meus olhos tomados por um líquido conhecido
(tentei segurar, mas queria mesmo era berrar, pular na minha cama e enfiar a
cara no travesseiro, encharcá-lo, não pude). Nem vi, naquele momento, a posição
do nosso capitão, tampouco as lágrimas prévias do nosso goleiro. Passou um
filme na minha cabeça. Era parecido, imagino, com o que passou na sua, na de
tantos outros brasileiro, inclusive, pasmem!, no imaginado pelos jogadores.
Nosso país adora futebol. Não importa se isso nos faz piores ou melhores, é um
fato. Aí a festa é aqui, o maior evento do futebol na nossa casa, depois de
tudo o que nos custou (em todos os sentidos), tá lindo, a festa tá massa! Todo
mundo curtindo, não tenho por costume ser um dos primeiros a ir embora. Vi, de
forma muito clara, a possibilidade de ser expulso, convidado a sair da festa
que tanto esperei (eu esperei e quem não queria passou a achar o máximo).
Pensei na nossa gente toda, nas nossas crianças, nos nossos adultos tão
felizes, infantilmente alegres e entretidos, tendo que apenas observar a galera
alienígena brincar com a nossa bola, a brazuca. Não é justo, pensei, mesmo
resignadamente sabedor do pouco compromisso da vida com a justiça, clamei por
ela (como se os chilenos também não merecessem essa alegria, mas isso é outra
história). Poxa, quero brincar pelo menos mais um pouco!
Vieram as cobranças (já sabemos
como foram) e... passamos! Podemos ficar mais um pouco! O episódio teve um
final feliz, um alento redentor! O peso do mundo saía, abruptamente, de nossas
costas. Um choque de emoções desses não justifica um chorinho de alegria, de alívio,
de vitória, de puta que pariu a gente ganhou, caralho!? Problema
emocional tem quem acha que isso não é motivo.
Quanto ao
nosso capitão, sempre achei que seria uma puta atitude o cara que não estivesse
se sentindo seguro para cobrar um pênalti dizer, corajosamente, que não quer
bater. Alguém acha que foi fácil pra ele tomar aquela decisão? É tranquilo
dizer pro mundo inteiro que está se borrando todo diante da pressão? É óbvio
que não é. Não foi pro Thiago. Thiago foi um gigante, mas tratado como um rato.
Ele me representa muito! Mas ele é o capitão! diz o estúpido condicionado a
acreditar que o líder é aquele ser autoritário, sem emoções, inabalável (ser
escroto não é um traço de liderança, precisamos rever isso).
Se não
chora é um mercenário que não entende o que é defender a seleção brasileira. É muita
xaropice pra um povo só, meu deus!
Estou
pronto pra chorar de novo. Ganhando ou perdendo, eu quero é chorar, sentir,
viver, estar ali, experimentando, até o último segundo que a bola nos der, a
nossa copa.
Valeu, meninos!
Obrigado, caras! Parabéns, 11 valorosos brasileiros que são machos e fêmeas o suficiente
pra dizer, em reações: queremos muito - muito mesmo! - ganhar essa porra dessa Copa
pra gente!
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