sexta-feira, 5 de março de 2010

Pisos que me deixam no chão

Foi aprovado em uma comissão sei lá qual da Câmara Federal o piso para os policiais militares de todo Brasil: R$ 3.500,00. No DF, de onde falo, os policiais já ganham mais que isso. Sabidamente, especialmente aqui onde temos um dos custos de vida mais altos do país, não é lá grande coisa, mesmo sendo 7x o salário mínimo, sendo este ainda, ridiculamente, distante de grande parte de nossa população. Caso estivessem/estejam a serviço do grande público, os PMs podem ganhar esse valor. Mas o que me deixou extremamente preocupado, desolado, angustiado, envergonhado, não sei bem o termo, é que o piso aprovado para os professores foi de R$ 900,00, ou seja, quase três vezes mais para os milicas – ainda assim, esta miséria aprovada para os docentes está sendo questionada no STF por alguns estados.

Pesquisei no Almanaque Abril, Enciclopédia Barsa, Bíblia, Buda, Google e tantos outros e não, não encontrei resposta para tal discrepância. Talvez estudando a história sócio-econômica-política nacional poderia deduzi-la. Sem divagar muito, conclui-se que o importante é fortalecer os instrumentos de repressão do Estado e de defesa das riquezas daqueles que mandam nesse gigante que continua deitado em seu berço, berço este sem mosqueteiro, face o avanço da dengue.

Entre as duas opções, numa visão materialista/realista, qual você escolheria? Ideologia não paga conta, não compra comida nem remédio. Obviamente, não estou dizendo que o que importa é o dinheiro, mas isso é humilhante para aqueles que fizeram algum curso superior em licenciatura ou Pedagogia: ganhar ¼ do que ganham os que fazem parte de uma categoria composta em grande parte por pessoas que concluíram apenas o ensino fundamental. Armas ou livros? Avançar com cavalos para cima dos estudantes ou ensiná-los a protestar quando tiverem um governo que, supostamente, os rouba? Não é “resquício de ditadura” é um aviso claro: os militares, substitutos de nossos capangas, continuam conosco, por favor, sem gracinhas revoltosas/revolucionárias, não queremos usá-los.

Vergonha, desesperança, indignação!

Um comentário:

  1. O professor é sempre cobrado; precisa estudar mais, estar antenado com tudo, fazer o papel que muitas vezes deveria ser dos pais e ainda por cima não é valorizado. Chega a ser revoltante mesmo.
    É por isso que, infelizmente, muitas pessoas se formam e veem a educação como um “bico” e não como uma carreira profissional. Deixo aqui também manifestada a minha indignação, muito embora eu seja uma otimista nata que nunca perde a esperança. :)
    Tamara

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